Dieta é restrição? Ou será educação alimentar para a vida toda?
- O Peso da Palavra “Dieta”
Quando ouvimos a palavra “dieta” associamos logo a: comer o que não gostamos, fazer sacrifícios, viver de saladas sem graça e resistir a cada convite para comer fora. Daí usar muitas vezes a palavra guião em consulta para não desanimar nem trazer peso para o processo de educação alimentar.
O objetivo é dar a autonomia e liberdade alimentar que cada pessoa deve ter e merece. ⭐
Só que, no fundo, dieta não precisa de ser sinónimo de sacrifício.
Na verdade, “dieta” vem do grego díaita, que significa “modo de vida”. E isso muda tudo, não é? Ou seja, não é sobre restrição, mas sim sobre equilíbrio, manter um estilo de vida onde se inclui um pouco de tudo, de forma leve e saudável.
- Inclusão e equilíbrio no prato (e na vida)
Estar num processo de re(educação alimentar) não significa escolher entre saúde ou prazer. É possível, e desejável, ter os dois. Comer bem não significa nunca mais provar aquele bolo da avó ou abdicar do gelado de verão. Significa nutrir o organismo para que ele funcione bem, mas dar também espaço ao coração e à alma para aproveitar aquela francesinha no aniversário do amigo ou o BigMac que apetece no final de um dia de trabalho cansativo.
O segredo está em incluir, não em excluir. Ter mais cores no prato, optar por alimentos frescos, mexermo-nos no dia a dia… e claro, fazer o que mais, gostamos com prazer e sem culpa. - Começar cedo faz toda a diferença
O modo como nos relacionamos com a comida começa desde a infância. É nessa fase que aprendemos a explorar sabores, a respeitar sinais de fome e saciedade e a criar uma ligação positiva com a alimentação.
Educar desde cedo para escolhas equilibradas é investir em saúde para toda a vida e esta é uma janela oportuna para moldar hábitos alimentares.
- Um caminho que não se faz sozinho
E aqui entra algo fundamental: a alimentação não é só uma questão de “O que comer?”. É um processo que envolve o corpo, a mente e até o coração. Por isso, a multidisciplinaridade é tão importante. Nutricionistas, psicólogos, médicos, educadores, terapeutas da fala: todos podem dar o seu contributo para criar uma relação mais saudável e leve com a comida.
Afinal, não é só sobre contar calorias ou ler rótulos alimentares. É também sobre emoções, rotinas, cultura, família e afeto.
No final de contas, podes usar sim a palavra “dieta” pensando em como se associa a cuidado e bem-estar, não como castigo. Que tal começarmos a olhar para ela com mais leveza e ensinar, desde cedo, que equilíbrio e diversidade são os verdadeiros segredos para uma alimentação saudável e feliz?

Drª Maria João Pinto
Nutricionista – Cédula 5980N

